Não sou nazista. Não sou uma pessoa política. Mas acho que eles trazem esperança para a Alemanha.
(Christian Diestl para Margaret)
Um inesquecível trabalho de Marlon Brando, ao viver, no filme, o oficial Christian Diestl, que está na frente de batalha e acredita que Hitler é o melhor para o povo da Alemanha. A intensa interpretação de Brando (Queimada!, de 1969) é, certamente, uma das melhores que o cinema nos proporcionou. Mesmo vivendo um alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele reveste o personagem de um lado humano, conseguindo despertar a simpatia do espectador.
A Europa ajoelhou-se diante da máquina de guerra de Adolf Hitler, restando à Inglaterra, do outro lado do Canal da Mancha e à Rússia, a difícil tarefa de enfrentar as temidas tropas alemãs. A entrada dos EUA no conflito ocorreu um pouco tarde. Muitas vidas já tinham sido eliminadas.
Com efeito, os destinos de três homens irão cruzar-se. Um deles é Noah Ackerman (Montgomery Clift, Rio Vermelho, de 1948), um judeu que nasceu nos EUA e é convocado para integrar o exército. Outro é o cantor Michael Whitearce (Dean Martin), que, após ser aprovado nos exames, também é convocado, embora a contragosto. O terceiro é Diestl.
As personagens são envolvidas com belas mulheres. Noah demonstra interesse pela bonita Hope Plowman (Hope Lange), que ele conheceu numa festa em Nova York, após ser convidado por Michael, já que, durante as apresentações no quartel, eles ficaram amigos. Já Christian Diestl parece estar feliz com o affaire que tem com a turista ianque Margaret Freemantle (Bárbara Rush) – a namorada de Michael.
Antes de entrar para a guerra, Diestl é instrutor de esqui na região da Baviera, onde ele vive momentos felizes com Margaret, no ano de 1937. Em face das divergências ideológicas, ocorre a separação brusca e sem despedidas – pois ela, que já estava de partida, volta para os braços do namorado que está em Nova York e prestes a partir para a guerra.
Com a rendição francesa em 24 de julho de 1940, os alemães invadem Paris e se deleitam com as belezas da cidade. O jovem oficial Diestl apresenta-se a seu superior Capitão Hardenberg (Maximillian Schell), e recebe ordens para recrutar jovens franceses para colaborarem com o III Reich. No desenrolar da trama, percebemos que ele não tem a mesma índole de seus colegas de farda e começa a questionar certos métodos. Numa prova de que não comunga com as atrocidades nazistas, ele se recusa a atirar em um homem ferido, mesmo sob ordens superiores.
O diretor Edward Dmytryk baseou-se no livro homônimo de Irwin Shaw, realizando um autêntico filme sobre a guerra, revelando o impacto que o horror do conflito causa naqueles que estão envolvidos, deixando implicações irreparáveis. Os planos cinematográficos não exploram as grandes batalhas e os morticínios generalizados. Os cenários (preto e branco) que são mostrados estão muito bem fotografados. A trilha sonora encaixa-se no gênero retratado.
Após visitar a mulher de seu comandante, a bela loura Gretchen Hardenberg (May Britt), o Tenente Diestl volta ao combate no front no norte da África. O pelotão é dizimado pelos aliados. A cena em que ele escapa pilotando uma motocicleta parece real. É como se aquilo fosse verdade.A guerra vai chegando ao fim e os sonhos e esperanças vão se perdendo diante das agruras e horrores vividos
Enfim, os alemães são vencidos; os extermínios são revelados ao mundo. O outrora oficial idealista agora é um andarilho sem pátria, um homem de alma destruída, que encontra a morte – numa cena visceral – na arma disparada por Michael. Um filme brilhante. Um elenco maravilhoso.