Olha …Todos os nossos homens são negociantes. A lealdade deles é baseada nisso. Uma coisa que aprendi com papai foi tentar pensar como as pessoas pensam. Deste modo, tudo é possível”.
(Michael para Tom Haggen)
É nesta sequência que Al Pacino se consagra no cinema, pois a sua atuação no primeiro filme credenciou-o a dar continuidade à obra de Coppola.
Muitos críticos acham este filme melhor que o original, pois aqui o diretor criou uma obra independente e não apenas mera continuação como muitas que são lançadas. O trabalho cinematográfico mostra a infância de Don Vito Corleone, que nós não conhecemos em O Poderoso Chefão. A narrativa é em flashback e Michael (Al Pacino), agora, tenta legalizar os negócios, vivendo no Estado de Nevada, pois deixou Nova York após o massacre que autorizara contra os chefes rivais. É nesta película que começamos a entender a origem criminosa da família Corleone.
Vito Andolini (Oreste Baldini) é um garoto que vê sua mãe ser brutalmente assassinada a mando de um chefão local, da Sicília, e é salvo com a ajuda de populares. Colocado em um navio o jovem é levado para Nova York e lá passa a ser chamado de Vito Corleone. Sua vida mafiosa começa quando mata o bandido Don Fanuci (Gastone Moschin). Nesta época, o jovem Vito é vivido por Robert De Niro (Cabo do Medo, de 1991) que, por sua genial atuação, foi premiado com um Oscar de ator coadjuvante.
A frieza de Michael é impressionante, basta ver a cena em que autoriza a execução do irmão apenas com um olhar, enquanto o corpo de sua mãe está sendo velado. Por ser considerado um traidor, Fredo (John Gazale) só viveria até o dia em que sua mãe vivesse. Coppola nos mostra um Michael solitário, calculista, vingativo e imprevisível. Em razão de seus escusos negócios, perde sua mulher, Kay (Diane Keaton), que prefere o divórcio.
Como Michael Corleone descobre que tem um inimigo dentro da família? É mera coincidência, pois quando está em Cuba, Fredo Corleone mente para ele, dizendo que nunca lá esteve e revela sua mentira em uma festa. “Há muitas coisas que meu pai me ensinou nesta casa”, diz Michael, talvez uma delas seja falar pouco.
Não houve perdão para ninguém, parece que Michael faz um pacto com o demônio, a besta que move seu interior alimenta seu ódio. Sua atitude pretensiosa, aos poucos, vai minando a própria família, pois a separação o torna ainda pior, não tem meios de educar seus filhos distantes da mãe que ele proíbe de vê-los. Os inimigos sempre estarão por perto e ele repete seu pai: “Mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais próximos ainda”.
O Poderoso Chefão II é um clássico imperdível que devido à maestria de seu diretor e seu magistral elenco foi bastante aclamado. É a única seqüência da história do cinema a ganhar o Oscar de melhor filme.
As cenas finais mostram um chefão solitário que assiste impassível, impenetrável, à morte de seu irmão, abatido com um tiro quando está pescando: “Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores…” – foram as últimas palavras de Fredo Corleone.
Até quando Michael Corleone vai continuar matando, para manter o império da família? No próximo texto você saberá. A fotografia de Gordon Willis é belíssima e as filmagens mostram rigorosa relação com cada época em que vivem as personagens. Trilha sonora inesquecível de Nino Rota e Carmine Coppola. É, sem dúvida, um dos melhores filmes de todos os tempos. Um clássico para sempre ser revisto.