O Poderoso Chefão (1972)

Republico o texto em homenagem aos quarenta anos do lançamento, ocorrido em 15 de março de 1972 – para jamais envelhecer. Brando sempre Brando.

Este filme é irretocável. As atuações de Marlon Brando e Al Pacino são marcantes. Baseada na obra de Mário Puzo, a película narra a trajetória da família mafiosa Corleone, originária da Sicília, e que está radicada em Nova York. Vito Corleone (Brando) é o chefão. Seus filhos estão na linha de frente, com exceção de Michael (Al Pacino) que só entra no mundo dos negócios quando o pai sofre um atentado.

Para viver o chefão Don Corleone, Brando colocou escoras na boca e deu à personagem uma voz que evidencia seu carisma como o Padrinho. Aos 47 anos de idade foi transformado em um  senhor de 64, o que revela sua ousadia e talento imensurável de maior ícone do cinema.

A violência é sempre contra criminosos e nunca contra pessoas comuns. As reuniões acontecem em locais escuros, e tudo é meio sombrio. A cena inicial de abertura tem uma expressão poderosa: “Por que foi primeiro à polícia e não veio a mim”. É a voz de Don Corleone, considerando-se acima da lei e ele sabe o que diz. O sistema legal é passível de corrupção.

A disputa pelo poder é sangrenta e vale qualquer expediente. Traições, mentiras e assassinatos fazem parte desta imortal obra. Vito Corleone tem seu filho, Sony (James Cann) assassinado e isto muda radicalmente sua posição, tanto que propõe uma trégua entre as famílias numa reunião onde se destaca por sua voz.

É neste clima de tristeza que Michael retorna da Sicília, onde estava escondido por ter assassinado um capitão corrupto da polícia de Nova York e o mafioso Sollozzo (Al Lettieri); e, ainda por cima, teve sua bela mulher, a siciliana Apollonia (Simoneta Stefanelli) morta pela explosão de uma bomba que fora colocada no carro. De volta ao lar, casa-se com seu primeiro amor, Kay Adams (Diane Keaton).

A volta de Michael anuncia que novos tempos virão. Seu pai sofreu um atentado e, mesmo depois de sua recuperação, revela que não tem mais forças para comandar os negócios. Há uma cena que mostra a lealdade do filho caçula. Isso ocorre quando Don Corleone ainda está se recuperando no hospital e Michael fala baixinho no ouvido do pai: “eu agora estou com você.” As cenas seguintes são uma prova disto.

Numa conversa com o filho sobre as reuniões com outros chefes da máfia, Don Corleone diz: “O homem que marcar o encontro é o traidor”. E é com estas palavras que o chefão passa o comando para o filho mais novo, Michael, pois não confia em Fredo (John Gazale), que é fraco e sem expressão para o status de líder.

Após a morte do pai, o filho mais novo inicia uma onda de vingança que o marcará para sempre e, sem piedade, elimina todos os mafiosos rivais e manda matar seu cunhado Carlo (Gianni Russo), que teve participação na morte de Sony. O que vale é a lealdade familiar e quem quebra este código de honra é punido com a morte. Todas as execuções vão acontecendo enquanto o novo chefão está na igreja recebendo o filho de sua irmã Connie (Talia Shire) como afilhado. Na verdade, Michel ordena o Massacre do Batismo: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…

Al Pacino (O Pagamento Final, de 1993) surpreendeu a todos, pois era muito jovem para um papel de tamanha envergadura. Foi, sem dúvida, seu teste de fogo e ele não nos decepcionou. Nunca mais o cinema viverá algo tão encantador e nunca mais, nunca mais mesmo, nos dará uma interpretação tão marcante como esta vivida por Marlon Brando que é, certamente, o papel mais emblemático de sua carreira. A trilha sonora de Nino Rota é transcendente e nos leva ao mundo da imaginação.

A direção de Francis For Coppola é impecável, inclusive consegue conquistar simpatia do público para seus protagonistas mafiosos.

Além do imortal O Poderoso Chefão, outros filmes estrelados por Brando merecem destaque, dentre os quais:

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Walter Filho

É Promotor de Justiça titular da 9a Promotoria da Fazenda Pública. Foi um dos idealizadores do PROCON de Fortaleza e ex-Coordenador Geral do DECON–CE. Participou e foi assistente de direção do premiado filme O Sertão das Memórias, dirigido pelo cineasta José Araújo. Autor dos livros: CINEMA - A Lâmina Que Corta e O CASO CESARE BATTISTI - A Palavra da Corte: A Confissão do Terrorista

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