Que sorte para os ditadores que os homens não pensem.
(Adolfo Hitler)
– O Jogo Mortal da Espionagem e da Paixão
Durante a Segunda Guerra Mundial, a luta pelo domínio da Europa não aconteceu apenas no campo de batalha, mas também nos bastidores da espionagem. O Buraco da Agulha é um drama envolvente que narra a trajetória de um dos mais perigosos e perseguidos espiões do conflito. Embora o cinema de espionagem tenha se popularizado a partir dos anos 1960, com tramas centradas na Guerra Fria, como as rivalidades entre KGB (Rússia) e CIA (EUA), o filme traz uma abordagem mais realista, ambientada no auge guerra. Diferente dos espiões glamorosos como James Bond, Henry Faber é um agente que precisa agir nas sombras, sem margem para erros.
O espião, cujo codinome era “Agulha”, carrega um segredo que pode mudar o destino da guerra. Ele descobriu a localização exata do desembarque dos Aliados na Europa: as praias da Normandia. Se conseguir transmitir essa informação para Hitler, a Alemanha nazista poderia antecipar o ataque e frustrar a invasão conhecida como Operação Overlord, que marcou o início do fim do domínio nazista no continente. Por isso, ele se torna um alvo a ser eliminado a qualquer custo. O serviço secreto britânico descobre o disfarce do agente de Adolfo Hitler e começa uma caçada ao assassino. Faber foge em um barco rumo à Escócia, mas uma tempestade o joga nos rochedos da Ilha da Tormenta, um lugar isolado e inóspito.
Na ilha remota ele encontra Lucy (Kate Nelligan), uma mulher triste e emocionalmente abandonada pelo marido paraplégico David (Christopher Cazenove), ex-piloto da esquadrilha inglesa RAF. Há quatro anos, um acidente no dia do casamento os condenou a uma vida infeliz e reclusa. A jovem mulher acredita ter encontrado no misterioso forasteiro uma chance de escapar da solidão e satisfazer um desejo há muito sufocado.
No jogo da sedução, Faber domina a situação, tornando-se amante da mulher que, até então, vivia aprisionada a um casamento sem carinho. O que começa como um romance proibido logo se transforma em uma perigosa guerra psicológica, pois Lucy descobre, tarde demais, que se envolveu com um assassino – ela encontra o corpo de David jogado ao mar. Agora, a casa isolada se torna um campo de batalha que pode mudar o destino da guerra. Na luta pelo rádio transmissor, Faber tenta enviar sua mensagem, enquanto Lucy, desesperada, tenta impedir que o mundo caia nas mãos do III Reich. O espião, ferido, sussurra uma despedida ambígua: “A guerra chegou até nós dois. Sabia? Eu fiz o que tinha que fazer. Não pode ser desfeito. Sinto muito. Adeus.” No momento final, ele hesita em matá-la. Talvez, pela primeira vez, tenha sentido algo além da missão – mas o destino não perdoa traições, nem na guerra, nem no amor.
Com uma direção precisa de Richard Marquand e uma trilha sonora intensa de Miklós Rózsa, O Buraco da Agulha se destaca como um thriller psicológico que foge dos estereótipos do gênero. Baseado no romance de Ken Follett, o filme mostra uma história tensa e envolvente, sustentada pelas impecáveis atuações de Donald Sutherland e Kate Nelligan. Um clássico imperdível para os amantes de tramas de espionagem e dramas de guerra.
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