Casa Gucci (2021)

“É melhor chorar em um Rolls-Royce do que ser feliz em uma bicicleta.”
(Patrizia Gucci)

Baseado em fatos, o filme de Ridley Scott (Gladiador – de 2000) narra os bastidores da família Gucci, cujo nome era destaque no mundo da moda de alto luxo. Com belíssima fotografia e figurinos impecáveis, o drama remonta às décadas passadas entre os anos 1970 e 1995 – era dos acontecimentos.  A marca italiana sempre primou pela qualidade e até hoje se matem no topo das grifes mais badaladas – ostentá-la é sinônimo de poder financeiro. Escutei muitas vezes: É uma Gucci!

No início, o diretor nos mostra Maurizio Gucci, vivido por Adam Driver, sentado em um café de rua apreciando o tradicional espresso italiano. Depois ele deixa o local e sai pedalando sua bicicleta aparentemente feliz. A cena é uma alusão a frase acima dita pela sua mulher Patrizia na vida real, que na película é interpretada por Lady Gaga, em excelente atuação. Foi muito bem no papel que lhe foi confiado. Surpreende em tomadas fechadas e não se intimidou diante de astros consagrados.

Maurizio e Patrizia Reggiani se casaram ainda muito jovens, mesmo contra a vontade do pai e empresário Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), que o adverte antes da infeliz decisão; apaixonado, o jovem herdeiro não retrocede. Ele não tinha muito interesse nos negócios da família, que eram conduzidos pelos irmãos Rodolfo e Aldo Gucci.

Sucede, porém, que a mulher Patrizia começou a seduzir o marido para que este percebesse o filão de ouro que a marca representava já naquele tempo. Daí em diante inflama uma desavença familiar que termina em prisões, traições e assassinato. A ambição da mulher não tem limites; inebriada pela ascensão social alcançada com a união matrimonial consegue jogar o marido contra todos. O que interessava era luxo e dinheiro. Com a morte do pai Rodolfo, articulam um plano sórdido para obter o controle acionário da empresa. Conquistam a confiança do abobalhado primo Paulo, interpretado por Jared Leto, e pactuam uma trama que leva Aldo Gucci (Al Pacino) para o cárcere por fraude nos EUA.  O caminho ficou livre e o controle agora estava nas mãos do casal.

Dizia Balzac: “Por trás de toda grande fortuna há um crime”. Na família Gucci isto não foi diferente, tanto que Maurizio foge para a Suíça para se livrar de uma fiscalização legal em sua residência. A prisão e condenação do tio Aldo é uma prova disto.

Na cena final, o diretor Scott volta ao trajeto da bicicleta e desta vez nos mostra o momento em que Maurizio é assassinado covardemente por um sicário contratado pela ex-mulher Patrizia, que nunca aceitou a separação. Movida pelo ódio e inveja mandou matar o pai de suas filhas. Na vida real, Patrizia foi condenada a 26 anos de prisão na Justiça de Milão – assim como todos os envolvidas no pacto de sangue. O atirador, Benedetto Ceraulo, foi sentenciado à prisão perpétua.

Hoje, em liberdade por bom comportamento, a Viúva Negra, como Patrizia é conhecida na Itália, nunca revelou os motivos do abjeto assassinato, disse apenas que o ex-marido não merecia viver. Simplória demais para um crime sem perdão. Um filme que recomendo – muitos viveram e vivem isto nas suas trajetórias de vida. A paixão nos cega e ódio nos devora.

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Walter Filho

É Promotor de Justiça titular da 9a Promotoria da Fazenda Pública. Foi um dos idealizadores do PROCON de Fortaleza e ex-Coordenador Geral do DECON–CE. Participou e foi assistente de direção do premiado filme O Sertão das Memórias, dirigido pelo cineasta José Araújo. Autor dos livros: CINEMA - A Lâmina Que Corta e O CASO CESARE BATTISTI - A Palavra da Corte: A Confissão do Terrorista

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