Ridley Scott demonstra seu talento na construção de visuais deslumbrantes, criando cenas de grande impacto, como o incrível ninho repleto de ovos alienígenas.
(Roberto Siqueira – Cinema Debate)
Revendo alguns grandes filmes do passado, dentre os quais, assisti Alien do diretor Ridley Scott, voltei um pouco no tempo. Este filme foi objeto de pequenos retoques e foi relançado em DVD. Aliás, modificações muito sutis que quase não são percebidas.No final da década de 1970, o cinema recebia um dos mais belos trabalhos cinematográficos de sua história: Alien, o 8º Passageiro. Um filme denso e que mantém a tensão até seu aparente final. Dificilmente, as telas mostraram algo que se aproxime deste inesquecível trabalho.
No ano de seu lançamento, em 1979, eu morava em um pensionato defronte ao Cine Art, que ficava da Rua Barão do Rio Branco e, até hoje, as imagens estão em minhas lembranças – o cartaz na parede, o público na fila e eu olhando tudo aquilo.
O enredo se passa em um futuro não determinado. Uma gigantesca nave de carga está retornando a terra e é tripulada por sete pessoas – cinco homens e duas mulheres. Durante o regresso, eles são alertados pelos computadores de bordo – que registram um sinal sonoro em um planeta próximo à rota do cargueiro. Eles resolvem averiguar a origem da comunicação e encontram uma nave alienígena há muito perdida e carregada de ovos coriáceos.
Um dos ovos libera uma estranha forma de vida que é trazida a bordo grudada no rosto de um dos tripulantes. O estranho ser morre, mas deixa um filho no interior do astronauta Kane (John Hurt). A cena do “nascimento” da criatura é assustadora – rompe o tórax do tripulante e salta para esconder-se de seus perseguidores.
Scott (Os Duelistas, de 1977) é um diretor diferenciado e deveras original, seus trabalhos têm um toque de elegância, mesmo em gêneros de ficção e terror.
A matança vai ocorrendo aos poucos, tudo acontece nos corredores escuros da nave e as personagens são tomados por uma atmosfera angustiante. Cada movimento ou barulho é motivo de desespero. Neste clima, a oficial Ripley (Sigourney Weaver), trava uma batalha pessoal com o alienígena, continuada nos filmes seguintes que não têm a mesma qualidade. A interpretação de Sigourney é magnífica, não deixa a desejar. Na época ela contava 33 anos e estava no auge da beleza. Gosto da cena em que ela vai tomar banho quando está no interior do módulo de salvamento.
É bom frisar que os protagonistas são trabalhadores e estão cumprindo uma missão. Eles discutem verbas e valores que devem receber pelo trabalho quando chegarem. Não são aventureiros. A trajetória estava quase completa, infelizmente, um traidor – um androide programado – e a chegada do estranho ser impediram a volta para casa.
O filme é marcado pelo medo do desconhecido e pelos esforços desesperados dos humanos na tentativa de eliminarem o inimigo que sempre está oculto nas sombras. A forma do alienígena é uma mistura de octópode com réptil. Não vislumbramos seu estereótipo com precisão, nunca se sabe o que ele realmente parece – sua forma é meio fálica e a boca aberta transmite a ideia de uma vagina encharcada. Este recurso é um dos grandes trunfos desta ficção, pois a pouca visibilidade da fera mortífera provoca um medo ainda maior na tripulação.
Alien é um filme que envolve o espectador numa jornada de terror, lenta e gradual, que o eleva ao patamar daqueles que dizemos: imperdível!!!